Euphorbiaceae

Manihot grahamii Hook.

Como citar:

Gláucia Crispim Ferreira; Mário Gomes. 2020. Manihot grahamii (Euphorbiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

1.568.899,00 Km2

AOO:

528,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil, ocorre também na Argentina, Paraguai e Uruguai (Roggers e Appan, 1973), com distribuição: no estado de Goiás — no município Catalão —, no estado de Mato Grosso do Sul — nos municípios Bonito, Bodoquena, Corumbá e Porto Murtinho, no estado de Minas Gerais — nos municípios Aiuruoca, Arcos, Fervedouro, Januaria, Januária, Piedade do Rio Grande e Serro —, no estado do Paraná — nos municípios Almirante Tamandaré, Apucarana, Arapongas, Arapoti, Barbosa Ferraz, Bocaiúva do Sul, Campo Magro, Campo Mourão, Capanema, Carambeí, Cerro Azul, Céu Azul, Colombo, Curitiba, Dois Vizinhos, Engenheiro Beltrão, Fênix, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Guaraqueçaba, Itaperucu, Laranjeiras do Sul, Londrina, Luiziana, Mangueirinha, Maringá, Mato Rico, Medianeira, Nova Tebas, Ortigueira, Paranaguá, Pitanga, Prudentópolis, Quatiguá, Reserva, Rio Branco do Sul, Roncador, São Jerônimo da Serra, São Miguel do Iguaçu, Telêmaco Borba, Tunas do Paraná, Ventania, Wenceslau Braz e Xambrê —, no estado do Rio Grande do Sul — nos municípios Alecrim, Arroio do Meio, Barracão, Caxias do Sul, Cruzeiro do Sul, Farroupilha, Itaara, Muçum, Nova Petrópolis, Progresso, Roca Sales, Santa Maria, São Francisco de Paula, Terra de Areia e Veasiano Corrêa —, no estado de Santa Catarina — nos municípios Caçador, Calmon, Campo Belo do Sul, Campos Novos, Celso Ramos, Chapecó, Curitibanos, Dionísio Cerqueira, Florianópolis, Fraiburgo, Ibicaré, Ibirama, Ipumirim, Itapiranga, Joaçaba, Laguna, Mafra, Maravilha, Santa Cecília, São Lourenço do Oeste, Siderópolis, Tangará, Videira, Xanxerê, Xavantina e Xaxim —, e no estado de São Paulo — nos municípios Águas da Prata, Apiaí, Bom Sucesso de Itararé, Bragança Paulista, Campinas, Cunha, Ibiúna, Iperó, Piedade, Ribeirão Preto, São José do Barreiro e Tapiraí.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Gláucia Crispim Ferreira
Revisor: Mário Gomes
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore não endêmica do Brasil (Rogers e Appan, 1973) informam que a espécie ocorre também na Argentina, Paraguai e Uruguai. Popularmente conhecida por mandioca-brava, mandioca-braba, ou mandiocão-brabo no sul do Brasil, foi coletada em Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) e Cerrado (lato sensu) associadas a Mata Atlântica e Cerrado nos estados brasileiros de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Roggers e Appan, 1973; Mendoza, 2018). Apresenta distribuição ampla, constante presença em herbários, inclusive com coleta recente, e ocorrência confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral e em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas florestais em estado prístino de conservação. A espécie ocorre em múltiplas fitofisionomias e em distintos domínios fitogeográficos de forma frequente na maior parte das localidades em que foi registrada. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua sobrevivência na natureza.

Último avistamento: 2019
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Icon. Pl. 6: pl. 530, 1843. Conhecida popularmente como mandioca-brava, mandioca-braba, ou mandiocão-brabo no sul do Brasil (Marcio Lacerda Lopes Martins, comunicação pessoal, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush
Biomas: Mata Atlântica, Cerrado
Vegetação: Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Cerrado (lato sensu)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Decidual de Submontana, Floresta Estacional Decidual Montana, Savana
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore ou arbusto, de até 8 metros de altura (Rogers e Appan, 1973, Flora do Brasil 2020 em construção, 2020; Marcio Lacerda Lopes Martins, comunicação pessoal, 2020). A espécie ocorre no CERRADO e na MATA ATLÂNTICA, em Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila e Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Marcio Lacerda Lopes Martins, comunicação pessoal, 2020
  2. Rogers, D.J., Appan, S.G., 1973. Manihot, Manihotoides (Euphorbiaceae). Flora Neotropica 13: 1-272.
  3. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Manihot. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB36143 (acesso em: 12 de maio de 2020).

Ameaças (1):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat present regional very high
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Ecosystem Profile Atlantic Forest Biodiversity Hotspot Brazil. CEPF Conserv. Int. URL http://www.cepf.net/Documents/final.atlanticforest.ep.pdf (acesso em 8.31.18).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2009.02.021
  3. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil. Corredor Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia e Conserv. Int. do Bras.
  4. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining Fragmentation and Loss of Primary Forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with Radar Imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875. https://doi.org/10.1046/j.1523-1739.2001.015004867.x
  5. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of Forest Fragmentation on Pteridophyte Diversity in a Tropical Rain Forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104. https://doi.org/10.1007/s11258-005-3025-x
  6. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694. https://doi.org/10.1007/s10531-004-2142-5 https://doi.org/10.1007/s10531-004-2142-5

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional Lagoas do Sul para a conservação da flora melhorar o estado de conservação das espécies ameaçadas e dos ecossistemas das lagoas da planície costeira do sul do Brasil (ICMBio, 2018).
Referências:
  1. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2018. Portaria nº 751, de 27 de agosto de 2018. Diário Oficial da União, 29/08/2018, Edição 167, Seção 1, p. 54. URL https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-pan/pan-lagoas-do-sul/1-ciclo/pan-lagoas-do-sul-portaria-aprovacao.pdf (acesso em 30 de julho de 2020).
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Espinhaço Mineiro - 10 (MG), Território Campinas - 18 (SP), Território Paraná/São Paulo - 19 (PR, SP), Território Chapecó - 22 (SC), Território Planalto Sul - 24 (RS, SC), Território Santa Maria - 25 (RS), Território São João del Rei - 29 (MG), Território Formosa - 9 (GO).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (US), Área de Proteção Ambiental Itupararanga (US), Área de Proteção Ambiental Piracicaba Juquerí-Mirim, Área II (US), Área de Proteção Ambiental Serra do Mar (US), Área de Proteção Ambiental Sistema Cantareira (US), Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira (PI), Parque Estadual da Serra da Bodoquena (PI).

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural leaf
Segundo Trindade e Lameira (2014), a espécie apresenta uso medicinal.
Referências:
  1. Trindade, M.J.S., Lameira, O.A., 2014. Espécies úteis da família Euphorbiaceae no Brasil. Rev. cuba. plantas med 19(4), 292-309
Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural leaf
Segundo Schallenberger e Machado (2013), as folhas de M. grahamii são utilizadas na alimentação pelos índios da etnia Kaingang.
Referências:
  1. Schallenberger, L.S., Machado, G.O., 2013. Uso de produtos de origem florestal pelos índios Kaingang da reserva indígena de Mangueirinha (PR). Rev. Acadêmica, Ciências Agrárias e Ambient. 11, 163–173. https://doi.org/10.7213/academica.10.S01.AO19